Era época de Natal. O centro da cidade estava lotado de gente fazendo as suas últimas compras. As lojas contavam com uma equipe extra de seguranças, para maior comodidade dos seus clientes. Eles revistavam com os olhos cada pessoa que entrava ou saía das lojas, minuciosamente.
Uma velhinha maltrapilha, passando pela porta de uma das lojas, fez um gesto rápido apanhando algo do chão. Um segurança percebeu seu movimento "suspeito" e gritou, chamando a atenção de todos os que passavam, e disse:
-Mostre-me o que tem nas mãos, rápido!
A loja parou. Ela se sentiu intimidada por tantos olhares. Abriu suas mãos e mostrou um grande caco de vidro quebrado, e falou:
-Eu estava pensando nas crianças descalças que podiam passar por aqui.
(...)
Sabe, os julgamentos rápidos são fatais. Aprendemos com as pessoas a sermos rápidos em nossas conclusões e ágeis em reconhecer as pessoas que nos cercam. Olhamos para alguém e, com base em suas roupas e linguagem, ou em poucos gestos, nos convencemos de quem ela é. Não passamos sequer 10 minutos prestando atenção nela e a ouvindo.
Eu não entendo as pessoas que "estouram" fácil. Perdem rapidamente a calma. Em tantos lugares vejo a mesma cena se repetindo. Gritos, desentendimentos, olhares condenadores. Parece que a sociedade está num surto de temperamento sangüíneo. Todos se tornaram inimigos da paciência. Não a cultivam mais. Mesmo ela sendo um fruto do Espírito, muitos cristãos não se esmeram em fazê-la florescer. Não frutificam-na.
Por que a pressa?
Por que a exigência severa com quem está do teu lado?
Por que gritar?
Por que falar sem ouvir primeiro?
Por quê?
Acontece com alguém. Pode acontecer com você também. Fazemos parte do mesmo mundo, sujeito às mesmas calamidades. Jesus não disse isso, mas demonstrou que os pacientes colherão paciência para si mesmos. Tanta gente hoje se acha muito entendida das coisas espirituais e olha para algum "oprimido" e já diz: É castigo!
Parece até que possuem o "dom da onisciência"... Quando ouço coisas desse tipo prefiro rir e nada dizer, caso contrário, me torno mais um semelhante desse indivíduo.
Nessa reflexão, eu escrevo aqui (e realmente acredito) que Só Deus sabe de tudo. Ele é o Único que pode se pronunciar sobre as mais tensas situações. Quanto a nós, sejamos puros no olhar, sem nos atrevermos a julgar.
Esse é o olhar de Cristo, o olhar cristão.
"Olhando em Teus olhos e segurando em Tuas mãos eu sei que está tudo bem"
MP
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